Intraempreendedorismo: Como convencer seu chefe a tornar sua empresa mais sustentável

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A motivação das pessoas está intimamente relacionada à autonomia, às competências e ao propósito. É sobre o desejo de navegar seu próprio barco, a habilidade de navegá-lo bem e a vontade de que essa jornada tenha um significado maior. Quando colaboradores carregam essa motivação intrínseca e sentem que suas ideias são acolhidas e reconhecidas por seus líderes, há grandes chances de se tornarem empreendedores dentro da própria empresa em que trabalham, trazendo inovações e criando valor para a organização. Entenda como funciona na prática esse intraempreendedorismo e como ele pode te ajudar a tornar mais sustentável a empresa onde você trabalha!

Intraempreendedorismo – o que é?

O termo intraempreendedorismo é relativamente novo. Ele traz a ideia de “empreendedorismo interno”, ou seja, de que não é necessário criar seu próprio negócio para ser um empreendedor. Um funcionário inquieto e motivado pode empreender dentro do seu próprio local de trabalho, trazendo mudanças significativas aos processos já existentes e desafiando o status quo. Normalmente são pessoas que têm o “sentimento de dono” e que enxergam os desafios internos como oportunidades de crescer e de se desenvolverem como estrategistas e líderes.

Empresas de alta competitividade possuem uma forte cultura empreendedora e enxergam esses colaboradores como uma fonte importante de criatividade e estratégia de inovação, oferecendo maior liberdade para que eles desenvolvam seus próprios projetos dentro da organização. Exemplos de empresas assim são Google e 3M, que trouxeram ao mercado o Gmail e os Post-its, ambas criações originadas do intraempreendedorismo de seus funcionários.

Como identificar se você é um intraempreendedor?

Só de você ter se interessado por esse texto ao ler o título, provavelmente você já tem um espírito empreendedor aprisionado aí dentro. Acreditar em uma causa e querer convencer seus colegas e líderes sobre a importância dela para a empresa é um grande exemplo de intraempreendedorismo.

Normalmente, um intraempreendedor é uma pessoa inquieta e questionadora, que nunca se acostuma com processos falhos e resultados medíocres. É corajoso, gosta de desafios e de assumir responsabilidades e não vê a empresa apenas como um emprego, mas se sente realmente dono e se esforça em buscar o sucesso da organização. Muitas vezes, é uma pessoa persistente, que não desanima com a falta de apoio para suas ideias e é ousada o suficiente para propor algo novo, mesmo que não haja aprovação prévia.

Se identificou? Se sim, saiba que você tem todas as características necessárias para mostrar para seu chefe que você tem ideias que podem agregar muito ao negócio e que você está disposto(a) a tirá-las do papel. Se a sustentabilidade corporativa é uma delas, a gente preparou um arsenal de argumentos para te ajudar nessa missão!

Caso não exista uma cultura empreendedora na sua empresa, você pode empreender justamente para buscar desenvolvê-la. Corporações mais tradicionais costumam se organizar em hierarquias e funções limitadas, o que burocratiza e dificulta o intraempreendedorismo. Nesse caso, você pode começar com pequenos projetos que não tenham tantos riscos ou grandes impactos, mas que ajudem você a ganhar a confiança dos seus chefes aos poucos, através de resultados e pequenas mudanças. Não desista, empreendedores são sempre reconhecidos por suas histórias de persistência e auto-motivação.

Intraempreendedorismo: inovação e sustentabilidade para a sua empresa

Por que ser uma empresa mais sustentável?

Para propor uma ideia ou projeto na sua empresa, é preciso se munir de argumentos e dados que embasem sua proposta. Seu chefe provavelmente gostará de saber quais benefícios essa ideia trará para o negócio e de que forma ela vai impactar o desempenho da empresa. Projetos de sustentabilidade costumam encontrar uma resistência ainda maior, porque normalmente são vistos como custos extras e dispensáveis ou como algo desvinculado da estratégia da organização. E é aí que está o equívoco dos seus gestores e sua grande oportunidade de mostrar o contrário!

O que é ser sustentável?

Uma empresa só é verdadeiramente sustentável quando consegue desenvolver suas atividades e crescer sem provocar impactos ambientais e sociais negativos, atuando de forma transparente e ética com colaboradores, fornecedores e clientes. A sustentabilidade corporativa é baseada em três pilares de desenvolvimento: social, ambiental e econômico. Ou seja, suas ações devem ser planejadas de forma a alcançar o lucro, mas sem prejudicar o meio ambiente e trazendo benefícios para toda a sociedade.

Sustentabilidade como vantagem competitiva

Atualmente, muitas empresas adotam práticas sustentáveis para aumentar sua vantagem competitiva no mercado. Ao instituir a sustentabilidade como um dos valores da organização, ela pode sim ser utilizada como uma ferramenta para alavancar os negócios. Investindo em causas ambientais, é possível aumentar a produtividade, passar mais credibilidade e se aproximar de consumidores e parceiros que compartilham da mesma causa, o que pode ter um forte impacto na forma como a empresa se posiciona e até no seu desempenho.

Segundo um estudo da Harvard Business School, empresas que possuem a vertente sustentável podem realmente performar melhor do que a média. O estudo mostrou que se, há 20 anos, você tivesse investido um dólar em diversas empresas focadas em somente fazer seus negócios crescerem, esse um dólar teria rendido $14,46. Mas se, em vez disso, você tivesse investido o mesmo valor em empresas que focaram seus esforços em problemas sociais e ambientais relevantes enquanto também faziam seus negócios crescerem, esse dinheiro teria rendido $28,36.

Essas empresas alcançaram ganhos de escala porque focaram em coisas que ajudaram seus negócios, como desperdiçar menos água e energia, incentivar seus CEOs a olhar para o longo prazo e promover locais de trabalho diversos e de alta qualidade que levam a uma maior satisfação dos seus colaboradores, bem como mais retenção e produtividade.

Fazendo uma análise, 88% dos estudos mostraram que empresas que adotam práticas de impacto social e ambiental atingem uma performance operacional melhor e 80% dos estudos apontam um efeito positivo no desempenho do valor das suas ações.

Sustentabilidade como vantagem competitiva: empresas que se preocupam com problemas sociais ou ambientais desempenham melhor do que aquelas que buscam apenas o lucro.

Sustentabilidade em tempo de consumidores mais conscientes

Um estudo de 2014 da Nielsen concluiu que 55% dos consumidores globais são tão apaixonados pelo planeta e pela sociedade que estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços oferecidos por empresas sustentáveis. E essa tendência só cresce!

O mesmo estudo também comparou o desempenho de vendas de produtos sustentáveis contra produtos convencionais. Ano após ano, ele identificou um crescimento de 2% nas vendas de produtos que possuem comunicação sustentável nas suas embalagens e um aumento de 5% nas vendas de produtos que promovem ações de sustentabilidade através de suas campanhas de marketing. Comparando com marcas que não trabalham com abordagens de sustentabilidade, essas tiveram um aumento de somente 1%.

Dois terços do que o estudo da Nielsen chamou de “consumidor sustentável padrão” afirmou que comprará quantos produtos eco-amigáveis eles puderem. Esses consumidores estão mudando seus hábitos de consumo para minimizar o impacto de suas ações no quadro global de mudanças climáticas e ambientais. Além disso, eles estão mais dispostos a se tornarem consumidores recorrentes quando sabem que a empresa é consciente de seu impacto no meio ambiente e na sociedade.

A SPC Brasil também realizou um estudo em 2017 que mostrou que, na hora de comprar, 59% dos brasileiros analisa e leva em consideração se as empresas produtoras adotam práticas prejudiciais ao meio ambiente. Em relação à adoção de hábitos e práticas de consumo consciente, 92,2% dos brasileiros consideram como importante ou muito importante.

Por que continuar ignorando?

Os tempos já são outros e, se os consumidores estão percebendo isso, por que as empresas ainda ignoram essa mudança? Considerando essas conclusões, ter a sustentabilidade como valor em uma empresa passa a ser uma decisão de razões tão econômicas quanto politicamente corretas.

Como começar?

Intraempreendedorismo: como começar um projeto?

Reúna todos esses argumentos e os apresente junto com o seu projeto de sustentabilidade corporativa. Vale lembrar que a sustentabilidade é um campo muito amplo e pode (e deve!) envolver diversas áreas e processos da empresa. Então, para ficar mais fácil, você pode iniciar escolhendo e propondo um projeto específico e menor, que tenham resultados mais palpáveis para começar a envolver o restante da empresa nesta pauta.

O mais legal do intraempreendedorismo é você mesmo identificar qual seu sonho de mudança dentro da empresa, arregaçar as mangas e fazer acontecer! Mas caso esteja difícil identificar problemas e soluções, a gente aproveita para te dar uma ajudinha, sugerindo algumas ações iniciais:

  • Uso consciente de água, energia e demais recursos;
  • Redução da geração de lixo de escritório e de processos produtivos;
  • Incentivo ao uso de materiais recicláveis e reciclados;
  • Respeito às leis ambientais, trabalhistas e do consumidor;
  • Utilização de sistemas de logística reversa, como o selo eureciclo, assumindo responsabilidade sobre as embalagens geradas pela empresa;
  • Comunicação e orientação ao consumidor, principalmente em relação ao descarte correto das embalagens;
  • Comunicação transparente sobre a atuação da empresa para clientes, colaboradores, fornecedores e parceiros;
  • Apoio a projetos de desenvolvimento social e de preservação ambiental;
  • Desenvolvimento de embalagens inteligentes que tenham alto potencial de reciclagem ou de reutilização.

 

Quando essas ações começarem a ser implementadas, você ganhará força e mais confiança de seus gestores para poder propor projetos maiores e transformar a empresa em que você trabalha em um grande exemplo de empresa sustentável! Mas para chegar lá é preciso começar. Que tal agora?

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