
Veja como a cooperativa de reciclagem funciona, os impactos que ela gera e como é afetada pelo meio ambiente e economia.
A logística reversa encontra um cenário único no Brasil, que, simplificando, é produto de um crescimento urbano desordenado e de uma periferia com necessidades básicas muitas vezes não atendidas.
Neste contexto surgem profissões ainda marginalizadas que aos poucos vão tomando forma, e principalmente, mostrando sua grande importância para a sociedade brasileira. É o caso dos catadores de lixo, ou ainda, dos heróis da reciclagem no Brasil.
São indivíduos que, para sobreviver, transformaram o lixo em oportunidade. E do recolhimento de um resíduo sem valor a princípio, surgem três principais impactos: o impacto social, o ambiental e o impacto econômico.
Abaixo vamos explorar como é o funcionamento de uma cooperativa de reciclagem, assim como sua realidade e importância.
O que é uma cooperativa de reciclagem?
A cooperativa de reciclagem é uma instituição que realiza um conjunto de ações, de forma direta ou indireta, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos descartados.
No entanto, ela possui uma dinâmica diferente da apresentada pelo operador privado, por ser, em geral, constituída por pessoas com baixa renda. Sendo assim, seu maior diferencial é a realocação de indivíduos vulneráveis socialmente no mercado de trabalho. E mais do que isso, é também um meio de geração de empregos no Brasil.
Exemplo dessa realidade é o caso da Recifavela, do Tião dos Santos e de tantas outras cooperativas que possibilitam a reciclagem e compensação ambiental no Brasil.
Compreender esse contexto é passo fundamental para uma empresa que busca impactar não apenas ambientalmente, mas também, socialmente.

A cooperativa de reciclagem em números
Em 2014, o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis contabilizou mais de 600 mil profissionais da área, dos quais 70% são mulheres. Esse número alto da proporção feminina no mercado de trabalho de reciclagem diz muito quanto a realidade do mercado de trabalho no geral.
O mesmo estudo do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis explica o fato de haver mais mulheres do que homens. De um lado por elas possuírem dificuldade em encontrar trabalho com poucos requisitos. E do outro lado, na cooperativa de reciclagem, é baixo ou inexistente a necessidade de conhecimentos específicos ou experiência. Essas duas pontas, marcadas pela vulnerabilidade social, se encontram e se complementam no mercado de reciclagem.
Para além de um quadro composto, em sua maioria, por mulheres, é na cooperativa de reciclagem que também se verifica uma maioria que se auto-declara como negras(os), cerca de 66% das cooperadas(os). Tal ponto é essencial ao corroborar com a realidade da população negra e periférica do Brasil, onde 57% se auto-declara negro.
Por fim, a perpetuação das principais dificuldades dos cooperados e cooperativas está no não atendimento de necessidade básicas, como por exemplo, creche para os filhos, onde, segundo Censo Demográfico de 2010, de 387.910 catadores, apenas 22,7% possuíam acesso ao serviço de creche para seus filhos.
São estas e muitas outras dificuldades que compõem a realidade de um cooperado ou catador de resíduos, indo desde locais de trabalho precários, assim como condições de trabalho insalubres, visto que os cooperados têm contato com materiais contaminados, ratos e outros vetores de doenças, materiais cortantes e etc.
Gerar condições dignas e qualidade de vida para essa parcela da população é o mínimo a se fazer diante do serviço ambiental que realizam.

Qual a importância para o meio ambiente e sociedade?
Os catadores são responsáveis pela coleta de 90% de todos os resíduos recicláveis. Dada a contribuição para o mercado, as políticas públicas e iniciativas privadas precisam levar em consideração propostas que façam sentido dentro da realidade das cooperativas.
O impacto ambiental pode ser verificado, principalmente, na redução de resíduos destinados a lixões e aterros. Estima-se que foram destinadas mais de 71,3 milhões de toneladas apenas em 2015.
Já o impacto econômico está na remuneração dos cooperados, assim como na formalização dos catadores, que é possibilitada pelas cooperativa de reciclagem, e por fim, a própria venda de materiais recicláveis movimenta a economia do mercado de reciclagem.
Segundo relatório do IPEA, deixamos de movimentar mais de 8 bilhões de reais, a cada ano, por não haver a reciclagem de todos os resíduos descartados. Esse é o tamanho do impacto econômico possível para este setor.
A PNRS já falava…
Já sabemos a importância da Política Nacional de Resíudos Sólidos para fazer acontecer a logística reversa, visto que ela interliga os diversos atores da cadeia de logística reversa e as cooperativas de reciclagem são um deles.
Nesse sentido, um dos instrumentos da PNRS é a priorização das cooperativas, que tem por objetivo atender e incluir um quadro social na logística reversa que é único quando comparado às diversas iniciativas internacionais.
Tal medida visa garantir que esse grupo social estará respaldado pela lei e terá meio de se desenvolver e formalizar suas iniciativas.
Garantir a inclusão para um futuro de igualdade social
Se você chegou até aqui, agora sabe que a realidade de uma cooperativa de reciclagem é marcada pela desigualdade social. Valorizar o serviço ambiental prestado por esses agentes é o primeiro passo em busca de um futuro de inclusão e igualdade.
Nós, do Selo eureciclo, acreditamos nesse processo e por esse motivo priorizamos nossas parcerias com mais de 22 cooperativas.
Por fim, você também acredita nesse futuro inclusivo e quer fazer a diferença?
Como valorizar a cadeia de reciclagem no Brasil pode ajudar minha empresa?