
A reciclagem do vidro no Brasil não é simples, mesmo sendo um material altamente reciclável. Veja aqui como incentivos estão ajudando o setor.
O vidro é um dos materiais com maior potencial para reciclagem. Ele pode ser reaproveitado completamente, sem perdas.
Como ele é composto, essencialmente, de elementos da natureza – como areia e calcário -, ele ainda pode ser reciclado diversas vezes, mantendo então sua qualidade inicial.
A ONU definiu, inclusive, que 2022 é o Ano Internacional do Vidro, para dar visibilidade ao potencial sustentável desse material
Já quando a reciclagem do vidro não é feita, esse resíduo traz problemas para o meio ambiente, porque pode demorar até cinco mil anos para se decompor.

Reciclagem do vidro no Brasil
Em 2021, a eureciclo, em parceria com centrais de triagem em todo o Brasil, enviou mais de 20 toneladas de vidro para a reciclagem e certificou mais de 42 mil toneladas desse tipo de resíduo.
Mas vale destacar que, aqui no Brasil, a volta do vidro para o ciclo produtivo, por meio da reciclagem, passa por grandes desafios.
Desse modo, isso acontece por dois principais motivos:
- O valor de venda do material é mais baixo comparado aos outros tipos de resíduo;
- A indústria está concentrada em poucas regiões, exigindo deslocamentos maiores. Uma carga de Manaus, por exemplo, precisa percorrer mais de 3,8 mil km para chegar na cidade de São Paulo.
Quando essas duas coisas se unem, o custo-benefício fica prejudicado, já que o valor do frete ultrapassa (e muito) o de venda, tornando o processo economicamente inviável.
Considerando que a tonelada de vidro geralmente remunera quem o vende com cerca de R$180 e que o frete do exemplo citado acima custa, em média, de R$700 a R$900 por tonelada, há um desestímulo à cadeia.
Além dessas questões, ainda há outro problema: esse resíduo demanda grande cuidado no manuseio, para evitar acidentes.

A compensação ambiental é um mecanismo que fortalece a logística reversa do vidro, já que nem sempre as empresas conseguem recuperar seus próprios resíduos.
Assim, elas podem enviar volumes equivalentes para a reciclagem, garantindo que a mesma quantidade de vidro foi coletada e reaproveitada e não está mais em locais incorretos.
Portanto, entre os operadores, é preciso garantir o uso de equipamentos de segurança (isso vale para o descarte também. Embale e sinalize que há vidro ali, para ajudá-los).
Incentivo à cadeia
Em parceria com o Grupo Petrópolis, a eureciclo desenvolveu um projeto pioneiro no Mato Grosso do Sul, com o objetivo de fortalecer a cadeia de reciclagem do vidro na região.
Construímos um Hub que conecta, expande espaços físicos, mapeia rotas e promove incentivos, o que ajuda financeiramente as centrais de triagem, trazendo viabilidade econômica.
Dessa maneira, as cooperativas e operadores de reciclagem da região conseguem vender vidro reciclável diretamente para a indústria no estado de São Paulo, sem prejuízos.
Os Certificados de Reciclagem vendidos às marcas parceiras contemplam valores mais altos de remuneração comparados ao mercado: venda do resíduo triado + valor pelo serviço ambiental prestado.
Essa diferença é um incremento na renda de profissionais e empresas de reciclagem e funciona como um incentivo para permitir que a cadeia de reaproveitamento do vidro gere lucro.
Até o ano passado, no estado, foram compensadas 427 toneladas de vidro neste projeto, o equivalente a mais de 855 mil garrafas de vidro retiradas do meio ambiente. O crescimento, considerando os dados anteriores, foi de 3.600%.
Reciclagem do vidro e a economia circular
Somente com a implementação da logística reversa é que os materiais recicláveis podem ser, de fato, reciclados. Incentivar o retorno do vidro à cadeia produtiva após o descarte do consumidor é uma ação diretamente ligada à economia circular.

Esse modelo econômico se refere à reutilização dos insumos, priorizando aqueles com ciclo de vida maior (duráveis). Por isso a discussão sobre os produtos de uso único ainda é importante.
Fazer essa roda girar depende da ação de todos:
- consumidor consciente;
- marca engajada;
- presença de coleta seletiva (seja pública ou privada);
- implementação de logística reversa e compensação ambiental;
- profissionais de triagem e reciclagem;
- órgãos fiscalizadores;
- indústria.
Como sua empresa pode contribuir com a reciclagem do vidro
Primeiro, é necessário entender que existe uma cadeia de reciclagem, composta por diversos atores e todos são fundamentais.
Isso quer dizer que, sem a logística reversa (que permite o retorno do vidro à indústria), por exemplo, fica mais difícil elevar o potencial de reciclagem do material.
Então, uma boa iniciativa é encontrar uma forma de envolver o consumidor no processo, incentivando que ele descarte seus resíduos corretamente.
Se a empresa não puder recuperar seus próprios itens, ela precisa compensá-los, para cumprir a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), evitando penalidades.
A eureciclo, por exemplo, tem três planos de compensação ambiental:
- 22%: um volume de 22% de material equivalente (vidro, papel, metal ou plástico) é recuperado;
- 100%: uma quantidade igual àquela colocada pela marca no mercado é reaproveitada, ou seja, para cada uma embalagem vendida, outra igual é reciclada;
- 200%: o dobro do peso de resíduos comercializados é compensado, ou seja, para cada duas embalagens vendidas, outras duas iguais são recicladas;
O serviço garante segurança jurídica, porque as parceiras podem comprovar o cumprimento da lei por meio dos relatórios apresentados pela certificadora.
Este e-book, Reciclagem do vidro no Brasil: Desafios, oportunidades e iniciativas, traz mais informações e depoimentos importantes para entender o contexto e como aplicar na sua empresa.
Para elevar as taxas de reciclagem do país, não podemos andar sozinhos. Essa jornada é coletiva e deve ser trilhada por pessoas, empresas e governos.
Por fim, com a parceria de mais de 6 mil empresas, a eureciclo tem alcançado resultados abrangentes, com impacto positivo em todas as pontas.